O que faz um desembargador? Crianças têm "aula de Judiciário" em encontro com presidente do TJ
O que faz um desembargador? A pergunta de Heduarda Witória, de 10 anos, dirigida a um grupo de magistrados do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ), entre eles o presidente Milton Fernandes de Souza, parecia de fácil resposta. Mas sem utilizar expressões jurídicas, de que maneira explicar para uma plateia formada só por crianças entre 8 e 13 anos a atividade de um juiz?
Coube ao desembargador Paulo Rangel recorrer a um modelo figurativo do cotidiano da convivência no lar para encontrar a explicação.
“É como acontece na sua casa. O seu pai diz que você está de castigo. Ele é o juiz. Se você não concorda, recorre a quem? À vovó. Se ela achar que você é uma boa menina e o castigo foi muito rigoroso, vai convidar para brincar na casa dela. A sua avó age como um desembargador, que pode ou não mudar a decisão de um juiz” – definiu o desembargador para a plateia, em risos.
Foi no clima descontraído - e que contou até com presença do sambista Dudu Nobre - que o grupo de crianças do projeto “Lutando por Vidas” conheceu a trajetória de alguns magistrados e do cantor para o sucesso profissional, nesta sexta, dia 27, no Salão Nobre da Presidência.
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O engajamento do presidente no “Lutando por Vidas” surgiu ao fazer aulas de kickboxing, ministradas pelo idealizador do projeto, Jorge Turco. A iniciativa visa oferecer às crianças de comunidades carentes do Rio diferentes perspectivas de vida. Desenvolvido em diversas comunidades da Zona Norte, o projeto utiliza modalidades esportivas chamar a atenção da garotada.
“Buscamos fazer essas visitas para que as crianças conheçam os verdadeiros heróis e não aqueles com os quais convivem em suas comunidades” – disse Jorge, que administra o “Lutando Por Vidas” desde 1997, ao citar o tráfico de drogas.
Para o desembargador Milton Fernandes de Souza, a visita tem um propósito de cidadania. “É um incentivo à infância. É bom ensinar noções de cidadania e dar a essas crianças a esperança de alcançar um objetivo”, disse o presidente do TJRJ.
O presidente contou que sempre gostou de esportes e foi a aplicação nos estudos que o levou a uma carreira de mais de 30 anos no Judiciário. Já o desembargador Paulo Rangel disse que, além de ir para a escola comer merenda, também gostava de estudar. E foi assim que se tornou magistrado depois de passar em concursos também para a Polícia e o Ministério Público. O desembargador Henrique Figueira também participou do evento.
O cantor Dudu Nobre tirou a curiosidade da criançada sobre sua carreira. Contou que, com a idade de parte dos que estavam na plateia, começou a compor. Com 30 anos de carreira, coleciona 15 discos, 300 músicas e tem 23 sambas-enredo cantados pelas escolas de samba na Marques de Sapucaí.
“É muito bacana estar aqui com vocês. Uma das funções do artista é trazer experiência e bons exemplos para as crianças”, disse Dudu Nobre, que terminou o encontro cantando alguns dos seus sucessos ao som do cavaquinho. A atração mirim do evento foi a pequena Zilá Maria Gabriela Miranda Marques, que, com apenas 8 anos, mostrou a habilidade com samba no pé, tendo por palco o Salão Nobre do TJ do Rio. Afinal, ela é passista da Ala das Crianças da Mangueira.
Fotos: Felipe Cavalcanti e Luis Henrique Vincent / TJRJ
PC / FB