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Banda Urca Bossa Jazz lança clipe da lenda 'Acaiaca'
Notícia publicada por Assessoria de Imprensa em 07/07/2017 17:00

A banda Urca Bossa Jazz lançou nesta quinta-feira, dia 6, no Museu da Justiça - Centro Cultural do Poder Judiciário, o vídeo de animação “Acaiaca”, produzido pelo desembargador Wagner Cinelli, integrante da banda. Promovido pelo programa “Palácio Convida”, o vídeo, baseado na música de autoria do magistrado, relata a lenda de Acaiaca, árvore sagrada dos índios da tribo Puris, que foi exterminada no século XVIII. Após o lançamento do vídeo, a antropóloga e professora da PUC-RJ Simone Dubeaux Berardo apresentou palestra abordando a questão da dizimação das tribos indígenas no Brasil.

“Acaiaca” é o quinto vídeo de animação lançado pela banda Urca Bossa Jazz. Antes, o grupo já havia lançado os clipes “Saudades do Raul”, “Lava Lava”, “Mandacaru” e "Pena da Galinha". O desembargador explicou que a ideia do clipe foi a de resgatar a história indígena e o processo de dominação ocorrido no Brasil. Ele também anunciou que o próximo vídeo musical a ser lançado pela banda será o Quequerê, abordando a questão da consciência negra.

“Eu me senti ainda mais provocado pela lenda da “Acaiaca” por tratar de uma questão indígena, pelo fato de constatarmos uma invisibilidade do índio na sociedade brasileira. Nos grandes centros como Rio de Janeiro e São Paulo é rara a oportunidade de convívio com os índios. É como se eles não tivessem vivido aqui. Por isso senti a necessidade de bater nessa invisibilidade e, além de contar uma história sobre os índios, que fala de um movimento tão repetitivo nas Américas, que foi a invasão, a dominação e a sucessão do branco em relação às tribos nativas, tivemos a proposta, também, de trazer elementos da língua indígena, que utilizamos no clipe assim como acontece, por exemplo, em tantas outras músicas e ritmos como o samba, que enfocam a cultura africana”, explicou o desembargador.

Após o lançamento do clipe, a antropóloga Simone Berardo destacou os conflitos gerados nas relações entre os portugueses e as tribos indígenas. A professora elogiou o clipe, considerando que ele contribui para a divulgação da história da dominação dos índios no Brasil. Ela destacou a simbologia da árvore e sua importância para a tribo Puris.

“Não podemos esquecer, também, da simbologia da árvore, que através das cascas do tronco e galhos serviam para tratar das enfermidades da tribo. Além disso, os índios se reuniam em volta da árvore para discutir as questões mais importantes da tribo. A lenda se apresenta tão real e tão contemporânea, pois retrata a corrupção. O clipe é importante, pois nos permite debater sobre a violência que praticamos”,  destacou a professora.

O clipe “Acaiaca”, coordenado pelo Gabinete das Artes, tem ilustração de Axel Sande, Juliana Barbosa e Lucas Chewie e pode ser conferido nas redes sociais, pelos links:  https://www.facebook.com/urcabossajazz/

https://www.youtube.com/channel/UC4EMkpgdm5rptscoEfcHqdg

http://www.urcabossajazz.com.br/en_US/videos/

 

A lenda da Acaiaca

Conta a lenda que no Arraial do Tijuco, hoje município de Diamantina (MG), erguia-se um frondoso cedro, Acaiaca, árvore sagrada dos índios Puris. Eles acreditavam que se ela desaparecesse, a tribo também desaparecia. No dia do casamento do guerreiro Lepipo com a filha do cacique, a bela Cajubi, os portugueses que habitavam o arraial e que viviam em conflito com a tribo aproveitaram a chance para derrubar a árvore.

Em pouco tempo, os índios viram a desgraça com seus próprios olhos. Jazia por terra a árvore sagrada. Não podendo conter-se, um guerreiro mais afoito fez soar um grito de guerra contra os brancos. Na discussão que se verificou, a tribo se dividiu e os guerreiros destruíram-se mutuamente em medonha matança.

Dizem que foi a partir dessa noite que os garimpeiros começaram a encontrar as pedrinhas brancas, os diamantes, que surgiram dos carvões e das cinzas daquela árvore sagrada. Cajubi ficou encantada em formato de uma onça, aparecendo andando ereta com a cabeça do animal. Tentava impedir os garimpeiros de coletar os diamantes. O sofrimento veio com as duras leis que a Coroa Portuguesa impôs ao povo do Arraial do Tijuco.

JM/SF

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