Cortejo do 'desenforcamento' reúne 600 pessoas com samba e funk
Caía a tarde no Largo da Carioca, quando os cerca de 600 foliões quebraram o silêncio do feriado nacional de 21 de abril, em plena Avenida Rio Branco, no Centro da cidade do Rio de Janeiro. O cortejo que simbolicamente desenforcou o Tiradentes hoje à tarde foi uma espécie de grito de carnaval pela cidadania, que atraiu pessoas de todos os tipos e todos os cantos da cidade. O samba “Salve, salve Tiradentes”, de Gabriel Moura, puxado pela diretoria do Bloco das Carmelitas, de Santa Teresa, uniu de professores a magistrados, passando por servidores do Tribunal de Justiça e jornalistas.
O cortejo, que durou cerca de uma hora e meia, partiu do antigo Palácio da Justiça, na Rua Dom Manuel, e seguiu até a Praça Tiradentes, passando pelas ruas da Assembleia e da Carioca. Em frente ao Largo da Carioca, o clima de carnaval - e os passinhos de funk - dominaram os participantes que fizeram uma roda para aplaudirem a evolução de passistas infantis, como Neucina Regina, de oito anos, e Wellington, de dez. As crianças acompanhavam o grupo Chocobim, de Saracuruna, em Caxias, na Baixada Fluminense. A diretora do grupo é Maria do Carmo, a Maria Chocolate, que foi convidada para ser uma das juradas no julgamento do Tiradentes.
“Ficamos muito felizes de participar deste momento histórico, em que a Justiça abriu as portas para o povo a fim de absolver Tiradentes. Acreditamos que a Justiça pode fazer ainda mais, indo ao encontro do povo na periferia”, defendeu Maria Chocolate.
Com estandartes com palavras de ordem como “Direitos iguais”, “Soberania” e “Educação para todos”, o cortejo de Tiradentes comprovou que o samba pode servir à cidadania. A jornalista Amélia Gonzalez, que caiu no samba, disse que o carnaval em torno do desenforcamento do Tiradentes serviu também para estimular o imaginário popular em torno do personagem histórico. Um boneco de mais de 3 metros de altura, representando Tiradentes, foi uma das atrações. O evento tirou de casa quem está habituado a passar o feriado de Tiradentes no sofá.
“Vi na televisão e convidei meus amigos para acompanhar o cortejo”, contou a assistente administrativa Isabel Cristina Gomes, acompanhada da amiga Cláudia Duarte, de Niterói. A festa teve a participação também de serventuários da Justiça, como Amanda Viegas:
“Temos que aproveitar essa festa cívica e esperar que se repita no ano que vem”, disse Amanda, que levou um grupo animado.
Com a família, o desembargador Fernando Foch, presidente do Fórum Permanente de Liberdade de Expressão, estava emocionado com o cortejo:
“Essa festa não tem precedentes na história do Judiciário brasileiro. O Tribunal veio para a rua, abraçou o povo e também foi abraçado. Foi um grande espetáculo de manifestação cívica”, afirmou Foch, presidente do Fórum Permanente de Direito à Informação e de Política de Comunicação Social do Poder Judiciário.
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JAB/FB