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Tiradentes é 'desenforcado' no Tribunal de Justiça do Rio
Notícia publicada por Assessoria de Imprensa em 21/04/2015 19:26

A história não pode ser modificada, mas a arte cumpriu seu papel de refletir e provocar a sociedade atual, encenando o destino simbólico de um herói nacional. No feriado do Mártir da Independência, o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) ‘desenforcou’ e ‘desesquartejou’ Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. O espetáculo “O Desenforcamento do Tiradentes: Justiça ainda que tardia” foi apresentado no Salão Histórico do 1º Tribunal do Júri, no Antigo Palácio da Justiça.

A peça encenou um novo julgamento do Tiradentes (vivido pelo ator Milton Gonçalves), condenado à morte em 1792 pelo crime de lesa-majestade. Ao final do espetáculo, o ator não escondeu a emoção por ter interpretado o herói nacional, agora com um final feliz.

“Eu não paro de chorar. Foi uma emoção única viver esse momento e esse herói nacional. Eu carrego um enorme orgulho de ser brasileiro, de ser um apaixonado pela democracia”, disse Milton.

O presidente do TJRJ, desembargador Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho, atuou na peça e fez a leitura da decisão dos jurados. Para o magistrado, o desenforcamento surge num momento importante para o País.

“A população está carente de heróis de verdade. São muitos escândalos que deixam a sociedade com baixa autoestima, que constrangem a todos. É importante que a população resgate a história do Tiradentes”, afirmou.

O idealizador do ‘desenforcamento’ foi o diretor-geral de Comunicação e de Difusão do Conhecimento, Joel Rufino dos Santos. Ele considerou que o evento superou as expectativas.

“Vieram pais de família, crianças, pessoas de todas as idades. O espetáculo transcorreu o limite da emoção e da racionalidade. Foi uma festa muito bonita”, disse.

Nos papéis de acusação e defesa, os criminalistas Jorge Vacite Filho e Técio Lins e Silva, respectivamente, duelaram para selar o destino do alferes de Minas Gerais. No entanto, todos sabiam que o final seria feliz. O texto de Ricardo Leite Lopes foi uma adaptação dos Autos da Devassa, processo judicial movido pela Coroa Portuguesa contra Tiradentes e os demais inconfidentes.

“Este homem quer ser herói. Após uma vida inteira de inglórias derrotas, quer tornar sua vida heroica. É um Dom Quixote que está preso por atacar moinhos. Sua luta não existiu, seu crime não existiu. E sua morte só existirá se deixarmos que aconteça. Por isso a defesa, que não pode negar a autoria em função da confissão, pede clemência”, clama a defesa no texto da peça.

E a clemência foi concedida. O corpo de jurados entendeu por unanimidade que o alferes deveria ser absolvido.

“Hoje podemos homenagear Tiradentes, tratá-lo como herói, na esperança de estarmos fazendo justiça. Justiça ainda que tardia. Mas isso é apenas um consolo, para que tenhamos uma consciência tranquila e a ilusão de que em nossa sociedade altamente civilizada, a justiça sempre triunfa”, diz um trecho da peça. A fala é do juiz, interpretado pelo desembargador Claudio dell’Orto.  

Mais de 250 pessoas assistiram à peça, que foi retransmitida em dois telões instalados no Antigo Palácio da Justiça. A assessoria de comunicação também transmitiu o evento ao vivo pela internet, uma iniciativa inédita no TJRJ. Inicialmente, 180 senhas foram distribuídas para o público. Em seguida, mais pessoas foram acomodadas para que pudessem assistir ao desenforcamento com conforto e segurança. A procura foi tanta que chegou a ocorrer um princípio de tumulto na porta do Antigo Palácio da Justiça, que foi contornado rapidamente.

O espetáculo foi organizado pelo Centro Cultural do Poder Judiciário (CCPJ-Rio). A direção foi de Silvia Monte. A desembargadora Cristina Gaulia fez o papel da Liberdade (narradora da peça); os atores Antonio Alves e Eduardo Diaz interpretaram, respectivamente Joaquim Silvério dos Reis, que delatou o movimento dos inconfidentes, e um oficial de Justiça.

 Veja a galeria de fotos no Flickr do TJRJ:  http://goo.gl/VfajVr

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